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Eu gosto de cantar!
 
Eu gosto de cantar!
 
Ele não engana ninguém. No primeiro tema do álbum Lifted, or, The Story Is in the Soil, Keep Your Ear to the Ground, Bright Eyes grita desalmandamente “I like singing!”. E ainda bem. O seu tom de voz pode muitas vezes parecer de desespero. Mas, na verdade, ele limita-se a cantar com o coração na boca. Singer/songwriter genuíno, conquista pela força das melodias, das letras, e claro, pela forma de as cantar.

Os pormenores existem e tornam as histórias contadas ainda maiores. Um orquestra, coros quase religionos, violinos certeiros, sons dignos de vinil em temas que confessam a esperança dos olhinhos brilhantes de Conor Oberst (“Because I don't know what tomorrow brings / It is alive with such possibilities”). Épicos e clássicos instantâneos, como “False Advertising”, sucedem-se e nem a presença dos amigos escapa – as lindas meninas Orenda e Maria das Azure Ray também por lá andam. Mas um singer/songwriter que se preze não pode ser uma criatura sempre radiante. Precisa de sofrer, de maldizer antigos amores e de ter vontade de cortar os pulsos. E é precisamente esse equilíbrio entre alegria e o dito sofrimento de Oberst consegue alcançar.

“A lover I don’t want to love” é a melhor prova disso. Relato de encontros desencantados (“I want a girl who's to sad to give a fuck / Where's the kid with the chemicals?”) faz com que apeteça ser a mais triste pessoa do mundo e passado alguns segundos “A bowl of oranges” ilumina de novo um Oberst irrtiantemente esperançoso – “But everything seemed different and completely new to me / The sky, the trees, houses, buildings, even my own body“. Aproximações à esquizofrenia e oscilações de humor em doses recomendadas, sem nunca perder o folgo.(Joana Neves)
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2024-12-13
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