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Guns N' Roses
 
Guns N' Roses
 
A banda mais cool e controversa dos anos 80 regressa com um Greatest Hits e mais concertos cancelados! Continua a correr tinta sobre processos, lutas, despedimentos e as depressões de W. Axl Rose. Novo álbum? Nem vê-lo!

Os Gn'R são aquele perfeito exemplo de uma relação amor/ódio. Nunca ninguém ficou indiferente a esta banda. E os tempos continuam agitados.

Treze anos passaram desde o último álbum de originais (Use Your Illusion), e muitos fãs se interrogam sobre o que Axl Rose - o único membro da formação original ainda na banda - andou a fazer este tempo todo.

Formados em 85 no Sunset Strip de Hollywood, no meio de uma cena Glam pós Bowie e New York Dolls, cujas referencias eram as chamadas Hair-Bands, com vocalistas dignos de posters em quartos de teenagers e num mundo dominado pelas baladas dos Bon Jovi ou Def Leppard, os Guns lançam em 87 o álbum que mudou a face da música - "Appetite For Destruction".
Duro, sujo, perigoso, decadente e cheio de atitude, o som dos Guns faz lembrar Hollywood às 4 da manhã. Na altura a imprensa classifica-os como a banda mais relevante no panorama Rock desde os Sex Pistols, outros arriscavam que seriam tão grandes como os Rolling Stones…se sobrevivessem!

No entanto, nunca um nome de um disco foi tão apropriado! Os Gn'R tinham mesmo um apetite para a destruição.

Ironicamente, foram eles a pôr o primeiro prego no caixão das Hair-Bands, e a ridicularizar bandas como os Poison ou os Motley Crue com a qualidade das composições de Axl e Izzy. Em 91 Kurt Cobain só teve de dar o último empurrão.
É unanime pela critica, que sem o sucesso de "Appetite For Destruction" a Geffen (mesma editora dos Gn'R e Nirvana) nunca teria apostado em "Nevermind", lançado em 91, tal como o duplo álbum "Use Your Illusion", onde Axl aproveitou para limpar o sótão e editou todas as músicas gravadas pela banda até à altura, já a pensar encerrar esse capitulo na vida dos Gn'R. Durante as sessões dos Illusions, os Guns aproveitam para gravar algumas covers de temas Punk, editadas em 1993 sob o nome "The Spaghetty Incident?".
Entretanto o comportamento de Axl Rose durante a tour de 91 a 93 (2 anos e meio consecutivos, o que a fez a maior tournée de sempre de uma banda na promoção de um álbum) faz com que seja a rockstar mais controversa do mundo. No fundo, a última rockstar que o mundo viu.
Ao pé de W. Axl Rose, tanto Eminem como Noel Gallagher parecem meninos de coro!

Ir a um concerto de Guns era na altura uma verdadeira aventura - primeiro era preciso saber se Axl subia ao palco ou não (consoante o ok do guru privado depois de medir as energias de cada recinto onde os Guns tocavam), depois se não se chateava com alguma boca ou atitude de um fã (muitas vezes desafiou fãs mais atrevidos a subirem ao palco para umas cenas de pugilato, ou atirava-se de cabeça para o meio do público para tirar uma máquina fotográfica) e se tudo corresse bem, sempre havia a hipótese de se ver um concerto de hora e meia, ou um de 4 horas (em 1992 em Chicago, Axl brindou os 60.000 fãs com 40 minutos de discursos (os famosos rants!)). Em 2 anos, 2 dos concertos dos Guns (Montreal e St. Louis) acabaram com o público a destruir o palco, o equipamento, os recintos, dezenas de feridos e detenções policias (incluindo as do próprio Axl).

Na imprensa, a mesma coisa - entre 88-93 os Guns foram capa de 5 Rolling Stones, numa delas Axl fala sobre a sua doença mental (Axl é maniaco-depressivo, ou bi-polar), o abuso sexual de que foi vitima por parte do seu pai nos dois primeiros anos da sua vida, de tentativas de violação por parte de homossexuais enquanto andava à boleia pelos Estados Unidos no inicio dos anos 80 (que inspirou o tão polémico "One In A Million"), dos divórcios, da relação com a imprensa, dos processos em tribunal, etc…

2 anos de processos mais tarde, em 1995 os Guns regressam ao estúdio para gravar um álbum que ainda não foi editado. Entre 95 e 98 as saídas de Slash e Duff McKagan, deixam Axl como o único membro original dos Guns N' Roses (já depois das saídas de Steven Adler em 90 e Izzy Stradlin em 91), com a fama do "mau da fita", a tentar gravar um álbum - "Chinese Democracy", um mega projecto que vai durar 3 discos - e a montar uma nova super banda.

Dos Guns antigos só o pianista Dizzy Reed (entrou em 91) continua a acompanhar Axl. No baixo tem agora a companhia do Ex-Replacements Tommy Stinson (já habituado a frontmans com egos enormes desde o tempo que trabalhava com Paul Westerberg, na banda que partilhou com os REM o spotlight do College Rock dos mid-80's), nas guitarras Robin Finck, Ex-Guitarrista dos Nine Inch Nails, Richard Fortus (Ex-Psychadelic Furs), e o guitarrista avant-guard Buckethead (sempre de máscara e um balde do KFC na cabeça, conhecido pelos seus álbuns experimentalistas e por participações em projectos com John Zorn, Mike Patton dos Faith No More e Les Claypool dos Primus), Chris Pitmman nas teclas (Ex-Tool), Brain na bateria (Ex-Primus).
Desde 95 passaram ainda pelos Guns nomes como Josh Freese e Billy Howerdel (A Perfect Circle), Dave Navarro (Jane's Addiction), Zack Wilde (Ozzy) e até Brian May dos Queen gravou algumas faixas do tão aguardado Chinese Democracy, para além de produtores como Moby, Youth, Roy Thomas Baker ou Sean Beaven.

Quanto a concertos, foram mais os cancelados do que realizados, como o recente exemplo da actuação no Rock-In-Rio-Lisboa.

Desde o regresso em 2001 no Rock In Rio 3 - perante 210.000 pessoas no Rio de Janeiro - mais uns shows em Las Vegas nas passagens de ano de 2001 e 2002, uma tournée Europeia foi cancelada em 2001, e em 2002 parecia que estava tudo lançado para o tão aguardado regresso - excelentes concertos na Ásia e Europa, datas da tour americana a esgotarem (em 15 minutos venderam-se todos os bilhetes para o Madison Square Garden em New York), com a nova banda a surpreender tudo e todos com a sua energia e frescura na performance dos antigos clássicos e com alguns temas novos apresentados a agradarem aos fãs, que tinham receio do mito urbano que se gerou à volta da nova formação - alguns apostavam mesmo num álbum techno/industrial.

Mas voltando aos Estados Unidos tudo se desmoronou.

A tournée, que tinha 40 datas previstas, viu-se reduzida a metade, depois da Clear Channel, o monstro monopolista multimedia dos Estados Unidos, dona de quase todos os recintos de concertos, de rádios e estações de TV com 90% da audiência do país, ter perdido a paciência com W. Axl Rose, que simplesmente não apareceu em Vancouver e Philadelphia, com dois pavilhões esgotados que valeram aos Guns honras de abertura de noticiários na CNN, devido aos desacatos entre a policia e desesperados fãs, há 10 anos à espera do regresso de Axl, para além de enormes prejuízos que a violência deixou marcada nos recintos e no material da banda - à imagem do que tinha acontecido na tour de 91/93.

W. Axl Rose é hoje o alvo fácil de toda a critica que se vinga agora dos ataques de 91 (imortalizados no tema "Get In The Ring"). A indústria está cansada dos comportamentos de Axl. A sua editora, Geffen, acaba de editar um Greatest Hits e 3 DVD's do catálogo antigo dos Guns, para compensar os 13 milhões de dólares já gastos em Chinese Democracy. Os promotores de concertos não querem correr o risco de contratar uma banda que pode nem aparecer, e provocar tumultos com consequências incontroláveis entre o publico.

No entanto, e olhando bem para o passado e presente da banda, W. Axl Rose, embora com um penteado novo, continua a ser o mesmo Axl que conquistou o mundo em 88 - carismático e rebelde. Axl é o único sinónimo de Rock'N'Roll hoje em dia, num mundo cheio de bandas que aparecem e desaparecem como quem puxa de outro cigarro para fumar quando um se acaba.
E os fãs ainda adoram Axl. Um estudo recente diz que a comunidade de fãs de Gn'R na Internet é das maiores do mundo. O Greatest Hits dos Guns encontra-se há duas semanas no Top 5 nas principais charts, já a caminho dos 2 milhões de unidades vendidas.

No entanto o futuro continua uma incógnita. Com o cancelamento da data em Lisboa, no Rock In Rio, e de uma possível tournée Europeia, veio também o anuncio de mais uma saída - desta feita do guitarrista Buckethead, que segundo Axl foi a única razão para não virem até Lisboa.
Axl, dois anos depois, deu sinal de vida e escreveu uma carta aos fãs onde anuncia noticias para breve (data de lançamento para o tão esperado "Chinese Democracy").
Mas este é o mesmo Axl que promete esse álbum desde 1999…

Há quem diga que Axl é o Howard Hughes do Rock, e que passa os dias fechado na sua mansão em Malibu rodeado de gurus recrutados em cidades de "magia", como Sedona, no meio do deserto no Grand Canyon, e que nem os anos de terapia o fizeram ultrapassar a doença bi-polar, que o faz ter receio de falhar com "Chinese Democracy".

Para uns transformou-se na maior piada da música actual. Outros continuam à espera de um álbum genial (e temas já tocados ao vivo como "Madagascar" ou "The Blues" apontam para isso), tal como os fãs de Brian Wilson dos Beach Boys esperaram 38 anos por "Smile", o sucessor do magnífico "Pet Sounds", depois de Wilson ter entrado em depressão quando os Beatles lhe copiaram o som e editaram "Sgt Peppers".

Só que hoje Axl não tem concorrência. Não há, desde os Nirvana, uma banda que rivalize com os Guns N'Roses - e mesmo assim os "Use Your Illusion" venderam mais do que "Nevermind"!
Todas as bandas rivais viram a sua base de fãs reduzir-se drasticamente durante a década de 90 - os Metallica hoje mal vendem 1 milhão de discos nos EUA, contra 10 milhões de um "Black Album", e uns Bon Jovi, Def Leppard. Poison ou Motley Crue andam muito longe dos 500.000, quando facilmente vendiam mais de 5 Milhões!
Quanto a bandas novas, duram 1 ou 2 albuns no máximo. Quer os preferidos do público (Limp Bizkit, Staind, Nickelback) ou da imprensa (The Stokes, The Hives). O mesmo caminho se adivinha para os The Darkness ou Linkin Park. Há toda uma nova geração para Axl conquistar.

Axl ainda tem a faca e o queijo na mão - tem o nome de uma banda que rivalizava com uns U2 ou Rolling Stones há 10 anos atrás, e mesmo tendo dado uns tiros ao lado com as tentativas de tournée nos últimos 3 anos e sucessivos adiamentos no lançamento do novo disco, protegeu-se durante os anos 90 e ainda não gastou o seu grande trunfo. Os Guns são hoje respeitados pelos mais jovens, tal como os Led Zeppelin ou os Sex Pistols o foram em 80/90. É cool gostar de Guns - popstars como Shakira ou Shania Twain já apareceram em capas de revistas com t-shirts Gunners, e até algusn Dj's que tocam em sitios in como o Lux em Lisboa, atiram com um "Welcome To The Jungle" ou "Sweet Child O'Mine" de vez em quando. Aliás, os grandes inimigos de Axl continuam a ser meia dúzia de jornalista ressabiados!

Na passagem de ano de 2001, em Las Vegas, lia-se no merchandise da banda:
"01-01-01: Chinese Democracy Starts Now". Hoje a pergunta é: Chinese Democracy, Starts When?

Por enquanto podemos matar saudades com o novo "Greatest Hits", uma colecção dos singles editados ao longo da carreira dos Gn'R, onde se destaca apenas a ausência de "Estranged".(RB)

Discografia:
1986 - Live Like A Suicide
1987 - Apetite For Destruction
1988 - Gn'R Lies
1991 - Use Your Illusion I
1991 - Use Your Illusion II
1993 - The Spaghetty Incident?
1999 - Live-Era 87-93
2004 - Greatest Hits
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Outros links www.heretodaygonetohell.com
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