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Jacques Tati
 
Jacques Tati
 
Jacques Tati, originalmente Jacques Tatischeff, de ascendência russa, nasceu no Pecq, nos arredores de Paris, entre uma curva do Sena e o caminho de ferro de Saint-Germain-en-Laye, e estava destinado a fazer caixilhos como o pai. Grande desportista, os companheiros de equipa divertem-se com o seu talento para mimar as partidas de rugby em que participava. O sucesso que obtém junto deles encoraja-o a apresentar um número cómico de pantomima desportiva. Estávamos nos anos 30.

Apresenta então as suas pantomimas a directores sonolentos e produtores entediados e começa a sua carreira em ambientes dignos do Sr.Hulot. A sua grande oportunidade surgiu com a gala organizada em 1934 para festejar o baptismo do paquete “Normandie”. Maurice Chevalier e Mistinguett figuram no cartaz, mas nessa noite foi o Sr. Hulot a vedeta. O director do ABC oferece-lhe o seu palco. Colette, que ri com Paris inteira, escreve: “Penso que nenhuma festa, nenhum espectáculo de arte e acrobacia, podem passar sem este extraordinário artista que inventou algo. Algo que tem a ver com desporto, com dança, com sátira e com o quadro vivo. Inventou o ser combinado: o jogador, a bola e a raquete; a bola e o guarda-redes: o pugilista e o adversário; a bicicleta e o ciclista. Em Jacques Tati – cavalo e cavaleiro – Paris descobre a personificação da criatura fabulosa: o Centauro!”

Europa e América são da mesma opinião e aclamam-no. Tati sonha com o cinema. Os burlescos americanos, W.C.Fields e, em especial Buster Keaton, fascinam-no. Realiza com o seu amigo – o palhaço Rhum – “Oscar, champion de tennis” (1932), a seguir “On demande une brute” (1934) e “Gai dimanche” (1935). Em 1936, faz a sua quarta experiência com um principiante de nome René Clément: “Soigne ton gauche”.

Acabada a guerra, Tati volta a contactar os estúdios e participa em “Sylvie et le fantôme” e “Le Diable au Corps”. Finalmente, realiza uma fita de 400 metros – “L’École des Facteurs” – que já transporta em si o germe de “Há Festa na Aldeia”... Em 1947, inicia “Há Festa na Aldeia”. Acabado o filme, durante um ano a sua exibição é recusada: “É divertido, mas acha que o público o compreende? O filme não tem actores conhecidos...” Sugerem-lhe até que o transforme em quatro curtas-metragens! Contudo, uma tarde, os espectadores de um cinema de Neuilly têm a surpresa de ver “Há Festa na Aldeia” em suplemento de programa. Durante 90 minutos, uma gargalhada geral sacode o público. É a revelação de Jacques Tati, quer em Paris quer internacionalmente.

No estrangeiro, saúda-se o aparecimento de uma nova veia cómica. A Bienal de Veneza atribui-lhe o Prémio de Melhor Realização em 1949 e obtém o Grande Prémio do Cinema Francês em 1950. Apesar do formidável sucesso comercial, Tati abandona o “Facteur” e os seus fabulosos contratos. Tem vontade de fazer outra coisa. Jacques Tati propõe-se criar uma personagem do qual as pessoas possam dizer: “Já vi esta pessoa em qualquer parte!”.

Em 1951, Tati roda “As Férias do Sr.Hulot” na praia de Saint-Marc, na Bretanha, sem recorrer uma vez mais a artistas conhecidos. E o Sr.Hulot é recebido com entusiasmo pelo público e pela crítica. Prémio Louis Delluc em 1953, Grande Prémio da Crítica Internacional no Festival de Cannes de 53 e numerosos galardões no estrangeiro. Este sucesso mundial mantém-se já que, em 1967, “As Férias do Sr.Hulot” é o único filme francês apontado pelos leitores do Los Angeles Time, como um daqueles que gostariam de rever... Em 1956, apesar das ofertas consideráveis dos anglo-saxões, Jacques Tati, desejoso de preservar a sua liberdade artística a qualquer preço e sem nenhum tipo de constragimento, inicia a realização de “O Meu Tio”, mantendo a mesma fórmula de rodagem.

O filme é apresentado em estreia mundial a 9 de Maio de 1958 no XI Festival de Cannes que lhe atribui o Prémio Especial do Júri. “O Meu Tio” acumula prémios em vários países e, consagração suprema, Hollywood concede-lhe o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano de 1959. Festivais, estreias... conduzem Jacques Tati de aeroporto em aeroporto, de capital em capital, de edifício em edifício. Nasce então uma ideia... Hulot-Tati começa a pensar em PLAYTIME.

1932 | OSCAR, CHAMPION DE TENNIS – escrito e interpretado por Jacques Tati
1934 |ON DEMANDE UNE BRUTE – escrito por Jacques Tati e Alfred Sauvy, realizado por Charles Barrois, interpretado por Jacques Tati
1935 | GAI DIMANCHE – escrito por Jacques Tati e o palhaço Rhum, realizado por Jacques Berr, interpretado por Jacques Tati e Rhum
1936 | SOIGNE TON GAUCHE – escrito e interpretado por Jacques Tati, realizado por René Clement
1938 | RETOUR À LA TERRE – escrito e interpretado por Jacques Tati
1945 | SYLVIE ET LE FANTOME – realizado por Claude Autant-Lara, Tati é o fantasma
1946 | LE DIABLE AU CORPS - realizado por Claude Autant-Lara, Tati é o soldado
1947 | L’ÉCOLE DES FACTEURS – escrito e realizado por Jacques Tati
1948 | HÁ FESTA NA ALDEIA – escrito, realizado e interpretado por Jacques Tati
1952 | AS FÉRIAS DO SR.HULOT – escrito por Jacques Tati e Henri Marquet, realizado e interpretado por Jacques Tati
1958 | O MEU TIO – escrito, realizado e interpretado por Jacques Tati
1967 | PLAYTIME – escrito, realizado e interpretado por Jacques Tati
1967 | COURS DU SOIR – escrito e interpretado por Jacques Tati, realizado por Nicolas Ribowsky
1971 | TRAFIC – escrito, realizado e interpretado por Jacques Tati
1974 | PARADE - escrito, realizado e interpretado por Jacques Tati
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