O hip-hop/r n' b, depois de nos Estudos Unidos já ter assumido à algum tempo a liderança de praticamente todos os top musicais, ter inundado os programas de rádio e de televisão com as suas batidas quebradas, as letras mais ou menos explicitas, os carros de alta cilindrada, as mansões de sonho, guarda-roupas intermináveis e, as miúdas, muitas miúdas mesmo, apoderou-se também de nós, europeus. As gigantes manobras de marketing protagonizadas por multinacionais, desde marcas de roupa, bebidas e, como não podia deixar de ser, a sempre presente MTV, atacaram toda uma nova geração que vive no sonho popstar e que cada vez mais se assume como o principal alvo de tudo o que há para vender. O panorama musical actual é, como não podia deixar de ser, vitima deste fenómeno que movimenta milhões. Assistiu-se nos últimos anos a um incontrolável crescimento de projectos, não só ligados ao hip-hop, que têm como principal objectivo chegar o mais perto possível das camadas mais jovens. A história das boys-band já é longa, mas estiveram sempre intimamente ligadas ao fenómeno pop.
Actualmente, a fórmula é aplicada nos mais diferentes quadrantes da musica, começando então a surgir novas catalogações para “novos” géneros musicais. Já não é novidade nenhuma a secção teen-pop nos grandes centros de venda de discos. Este negócio continua a prosperar com novos nomes a surgirem a cada semana, programas televisivos que procuram as novas estrelas e a produção em massa de hit-singles. O hip-hop actual acaba por embarcar nesta viagem de uma forma que pode ser considerada,no minimo, paradoxal. Hoje, facilmente identificamos aqueles que ao mesmo tempo que provavelmente o estropiam, conseguem por outro lado permitir a sobrevivência de fenómenos musicais ligados ao meio com qualidade inabalável, e qualidade não falta a Missy Eliott que, lado a lado com o seu produtor de longa data, Timbaland, conseguem criar sonoridades que acabam por ir muito mais longe, aliando como poucos a refinada produção musical ao número de discos vendidos.
This is not a test, quinto capítulo da história discográfica da artista, consegue surpreender dentro de um terreno que já se encontra sobrepovoado, em que a quantidade se sobrepõe quase sempre à qualidade.
Decorria o ano de 1997 quando chegou às lojas Supa dupa fly mas o reconhecimento global só chegaria em 2001, altura em que get ur freak on, primeiro single do terceiro registo discográfico, correu mundo e é, ainda hoje, uma espécie de hino para o movimento. Multiplicaram-se as participações com nomes sonantes deste quadrante como Busta Rhymes, Jay-z, entre outros.
Não tirando nenhum valor aos trabalhos anterirores, This is not a test é a actual prova de que Missy e Timbaland se renovam a cada trabalho, procurando arranjar sempre novas soluções para os arranjos musicais, sem nunca descaracterizar o tipo de sonoridades que já são a imagem de marca desta senhora. É então mais um disco obrigatório para se conseguir perceber que o mega sucesso comercial não tem que estar intimamente ligado às casas, às festas, às miudas e aos carros.(LP)
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